Cósmico leitor,
A gente tenta esconder.
O que nos assusta.
O que é feio, difícil, estranho demais.
As partes que ninguém entenderia. Muito menos a gente.
Acreditamos, por muito tempo, que escrever é sobre clareza, beleza…
Mas escrever também pode ser sobre a sombra.
Sobre o que pulsa nas frestas.
Sobre aquilo que não teve voz, até agora.
Hoje, escrevo sobre o escuro.
Não o que destrói.
Mas o que foi ignorado por tempo demais.
E que, por isso, precisa ser escrito.

A parte de mim que não cabe na luz
Há dias em que não somos poéticos.
Não somos curativos.
Nem queremos ser compreendidos.
Há dias em que somos caos.
Raiva, saudade, ciúme, descontrole, tristeza.
E tá tudo bem.
Essas partes também merecem existir.
E quando a gente escreve sobre elas, algo muda…
elas deixam de gritar.
Escrever o que há de sombrio em nós
é deixar de fugir da própria alma.
A escrita como ritual de revelação
Tem algo de profundamente sagrado em sentar diante de uma folha e dizer:
“Eu também sinto coisas feias.”
“Eu também sou confusa.”
“Eu também me perco.”
A escrita não nos conserta.
Mas nos permite existir com mais verdade.
Nem toda cura é leve.
Algumas vêm depois de sangrar um pouco no papel.
E, de novo, tá tudo bem.

Reflexão cósmica:
A Deusa da Terra conhece a escuridão.
Ela planta no breu.
Ela germina do avesso.
Escrever o que há de sombrio em você
é um ato de coragem silenciosa.
De presença radical.
Porque até a sombra tem algo a dizer
e merece ser ouvida.
Convite à prática:
Hoje, escreva sobre o que te assusta em si mesma.
Sobre o que você ainda esconde.
Sem precisar transformar em lição.
Sem precisar finalizar bonito.
Só escreva.
Pra que essa parte em silêncio também respire.
Se quiser, me conta como foi a experiência.
Lembre-se, você não precisa fazer isso sozinho.
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