Livro: Jogador Número 1
Autor: Ernest Cline
Páginas: 464

Existem histórias que falam do futuro e, ao mesmo tempo, da saudade.
Jogador Número 1 é exatamente um mergulho em um mundo hiperconectado, digital, cheio de cores artificiais, mas que também é carregado de solidão e busca por pertencimento.
A distopia aqui é brilhante, literalmente. Todos vivem mais no OASIS do que na realidade, porque a realidade se tornou difícil demais.
E é nesse contraste entre o virtual e o humano que o livro floresce.
Wade Watts é um protagonista que vive na borda. É pobre, isolado, mas absurdamente inteligente e determinado.
A caçada ao “Easter Egg” é mais que uma aventura. Muito mais. Ela é um símbolo de esperança em meio ao caos.
É impossível não sentir aquela nostalgia quente (games, filmes, músicas, cultura pop dos anos 80), tudo amarrado com um cuidado quase carinhoso.
Mas o que mais se destaca é a crítica de que “quando o mundo real falha, a gente foge para mundos inventados”.
E quando esses mundos inventados começam a ser controlados, o que resta?
O que mais me tocou?
A solidão do Wade.
E não a solidão vazia, mas a solidão cheia, a que é povoada por pixels e avatares, com conversas que parecem verdadeiras… até não serem.
É um livro divertido, sim, cheio de aventura e reviravoltas, mas também é um livro triste de uma forma silenciosa. Porque ele mostra como procuramos conexão em qualquer lugar onde seja possível encontrá-la.
A relação entre os personagens dentro do OASIS e fora dele é uma metáfora linda da vida online:
“Somos mais corajosos na fantasia do que na realidade.”
Pontos Altos:
- Ritmo rápido, envolvente, repleto de referências nostálgicas
- Protagonista inteligente e muito humano
- Boa mistura de distopia e humor
- Reflexão interessante sobre virtual vs. real
- Mundo construído com detalhes que fazem acreditar
Pontos de Atenção:
- Algumas referências podem soar excessivas para quem não é fã da cultura pop dos anos 80
- A narrativa às vezes corre rápido demais
- Wade pode parecer imaturo em certos momentos, mas isso faz parte da proposta
No fim, Jogador Número 1 é uma aventura divertida, emocionante e cheia de vida, mesmo quando fala do vazio.
É um convite para pensar sobre quem somos dentro e fora da tela.
E talvez, só talvez, para perceber que o “jogo” mais difícil ainda é a vida real.
Nota final:
(4,5 de 5 estrelas)
Para quem ama distopias vibrantes, nostalgia, jogos e histórias com coração.


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