Cósmico leitor,
Hoje, compartilho um conto sobre começos: aqueles que nos paralisam, que nos assustam… e que às vezes se abrem onde menos esperamos.
Um texto para quem já se sentiu travado, para quem coleciona ideias que nunca saíram do papel.
Talvez, o que te bloqueia não seja a falta de palavras, mas a espera por uma permissão que já é sua.
A primeira frase era sempre a mais difícil.
Ela se sentava diante do caderno como quem encara uma floresta desconhecida. O lápis na mão tremia mais por dúvidas do que por medo. Era como se cada palavra pudesse errar o caminho e não houvesse trilha de volta.
Durante semanas, escreveu o título na primeira página:
“A história que não sei contar.”
E deixava ali.
Em branco.
Como se o começo tivesse que ser perfeito para o resto existir.
Mas algo mudou no dia em que encontrou a carta.
Era pequena, amarelada pelo tempo, bem empoeirada, e estava guardada dentro de um livro esquecido na estante de sua avó. A carta começava assim:
“Se você está lendo isso, é porque também tem medo de começar. Escreva mesmo assim. Rasgue, erre, reescreva. O começo nunca é o verdadeiro começo… É só o primeiro passo pra algo que ainda vai se revelar.”
A carta não tinha assinatura. Mas parecia escrita para ela.
Naquela noite, ela voltou ao caderno. Respirou fundo.
E escreveu:
“No começo, eu não sabia por onde começar. Mas comecei aqui.”
As palavras vieram aos tropeços, depois aos saltos. Quando terminou, não era o que ela imaginava… era melhor. Porque existia. Porque era real.
E ai, ela entendeu: o verdadeiro travamento não estava na falta de ideia, mas no medo de ser imperfeita.
No dia seguinte, escreveu outra história.
Depois outra.
E outra.
Nunca mais travou do mesmo jeito.
E mesmo quando travava, sabia que bastava começar de novo… de onde estivesse.
E você, cósmico leitor?
Qual história ainda vive dentro de você, esperando só um primeiro passo?
Entre versos e universos,
Julia Abreu

Deixe um comentário