Cósmico leitor,
Hoje, compartilho um fragmento íntimo sobre palavras que não foram entregues, mas salvaram quem as escreveu. Há cartas que escrevemos achando que são para alguém, mas que na verdade são um espelho de nós mesmas. Elas não pedem resposta. Só presença. Espero que esse texto encontre um canto silencioso dentro de você.
Cartas que nunca mandei
Escrevi quando o mundo parecia estar acabando, e por um segundo, achei que você pudesse me salvar. Mas nenhuma dessas cartas chegou até você.
Com o tempo, entendi: talvez elas nunca foram mesmo para chegar. Algumas cartas são como gritos escritos, não para serem ouvidos, mas para aliviar o peito de quem escreve.
Eu precisava sangrar palavras no papel pra não deixar o caos transbordar em mim.
Dizer tudo o que não cabia em voz, nomear os medos, as saudades, as coisas que doíam sem explicação.
Hoje, guardo essas cartas como pequenos espelhos: mostram quem eu fui e o que precisei transformar pra continuar. Nem tudo precisa ser lido por alguém. Algumas palavras existem só pra nos devolver o ar.
E você, cósmico leitor? Quais palavras você escreveria se soubesse que ninguém vai ler… mas que mesmo assim precisam sair?
Entre versos e universos,
Julia Abreu

Deixe um comentário