Há dias em que sou só solitude,
e outros em que a saudade me veste inteira,
como uma carta esquecida à beira-mar,
lida mil vezes no silêncio da espera.
Sou sonhadora de nascença,
mas não nasci pronta.
Minha evolução veio com tropeços,
com a resiliência dos que sentem demais
e ainda assim continuam.
Já enfrentei gastrite emocional,
daquelas que o corpo acusa o que a alma cala.
Mas sigo, com a agilidade dos que buscam cura,
e a esperança dos que acreditam em recomeços.
Não sou especialista em sentimentos,
nem diplomata nos rompimentos,
mas entendi que até a indiferença
pode ser um grito disfarçado.
Entre um devaneio e outro,
descobri que o futuro é semente:
precisa de tempo, de água,
e de um pouco de amor para florir.
Nem tudo foi fácil,
a vida já fez escândalo dentro de mim.
Mas a maternidade dos meus próprios afetos
me ensinou a renovação que só vem depois da dor.
E hoje, escrevendo com gratidão,
sei que em cada cicatriz mora uma estrela.
E que todas elas, juntas,
ainda me apontam o caminho.

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