O Cavalo do Amor

Sextou! E a vida de Pedro estava uma dor de cabeça. Sua ex, com uma infidelidade de causar inveja, o tinha deixado zureta. Mas ele prometeu a si mesmo que as mudanças seriam para melhor. Deitado em seu sofá, com um cachorro caramelo roncando a seu lado, ele notou uma coisa estranha. Uma cortina balançando na janela, e atrás dela, uma sombra. Com a coragem que a solidão lhe deu, ele se levantou, a languidez do dia escorrendo por seus dedos, e pegou o abajur para se defender.

A sombra se moveu. Era Alice. E ela estava com um cavalo dentro de seu apartamento. 

– Olá – disse ela, com um sorriso de soslaio – Meu nome é Alice. E o nome dele é Virtude. Ele escapou da gravação de uma novela de época que está sendo feita aqui perto.

Pedro a encarou, sem palavras. Alice tinha a presença de uma rainha e os olhos que exalavam paixão e uma intensidade que o fez esquecer a ex no mesmo momento. Ela usava joias que pareciam ter magia própria, e ele notou a vaidade no jeito que ela ajeitava o cabelo.

– Você sabe… – disse ela, com a sabedoria de quem já aprontou muito na vida – Que a parcimônia não é uma virtude quando se tem um dragão para domar.

Pedro, que ainda não tinha digerido o cavalo, ficou ainda mais confuso. 

– Dragão? – ele perguntou. 

– É uma metáfora para a resiliência que a gente precisa ter. Às vezes, a vida nos joga um estrepitante dragão no colo. 

Pedro a encarou novamente, a fazendo rir, e a felicidade de seu som era contagiante. 

– Já que estou aqui, eu queria te convidar para um luau à beira do lago na lua nova, mas o Virtude estragou meus planos. A manobra de entrar com ele aqui foi mais difícil do que pensei. 

Pedro riu novamente, soltou o abajur, e o som do objeto caindo no chão ecoou. O jeito que olhava para ela, já parecia amor, e um amor que iria germinar numa terra fértil. Sabia que o final daquela noite não seria de reflexão, mas de diversão. 

– Bem… – ele disse, enquanto olhava para Alice e o cavalo – Eu sei de uma coisa que pode nos ajudar – pigarreou e olhou para ela, completando – A gente pode mandar o Virtude para a vizinha. Ela adora animais. E depois… a gente pode deixar a solitude de lado e jantar juntos. E quem sabe… uma nova história pode começar?

 

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Fragmentos Literários

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