Cósmico leitor,
Talvez você já tenha se pegado virando páginas sem perceber o tempo passar, com o coração acelerado e a respiração contida, como se estivesse dentro da história. O suspense faz isso com a gente: fisga, instiga, incomoda. Mas e se eu te dissesse que esse incômodo diz mais sobre você do que sobre o personagem? E se o que nos prende na narrativa for, na verdade, um espelho?
Hoje, neste espaço onde a escrita se encontra com o mistério da alma, vamos olhar para o suspense, não apenas como gênero literário, mas como ferramenta de escuta, revelação e transformação. Porque, no fundo, escrever suspense é perguntar: “O que está escondido em mim que precisa ser revelado?”

O suspense como caminho para dentro
O suspense tem uma força que nenhum outro gênero possui: ele trabalha com o desconhecido, e nós somos, em grande parte, desconhecidos para nós mesmos.
Quando criamos ou lemos suspense, entramos em contato com o medo do que não sabemos, a ansiedade de descobrir algo que pode mudar tudo. E isso vale tanto para tramas criminais quanto para histórias delicadas sobre sentimentos que não foram ditos, como o amor que se oculta, por vergonha ou por medo da perda.
Dica 1: Use o que não é dito
Ao escrever uma cena de suspense, experimente focar menos no que está acontecendo… e mais no que está sendo escondido. O que o personagem não fala? O que ele evita olhar?
➡ Um exemplo: ao invés de escrever “Ela ouviu passos atrás da porta”, tente:
“Ela parou de respirar quando ouviu o que não queria acreditar: passos lentos, do outro lado da porta que ela jurava estar trancada.”
Aqui, o silêncio tem peso. E o leitor sente isso.
Dica 2: Faça perguntas que incomodam
O suspense não vive só de respostas. Ele cresce nas perguntas certas.
➡ Ao escrever, pergunte: “O que esse personagem tem a perder se a verdade vier à tona?”
Essa pergunta abre caminhos para cenas intensas, diálogos cheios de tensão e conflitos internos que deixam a história viva.
Dica 3: Traga o suspense para dentro do amor
Sim, o suspense também cabe nas histórias de amor. Pense nos romances que nos prendem porque algo impede os amantes de ficarem juntos, uma mentira, um segredo de família…
➡ Exemplo: Uma carta antiga nunca entregue. Uma decisão que pode mudar o rumo da relação.
Aqui, o suspense não é sobre morte, mas sobre desejo, perda e revelação emocional.
No limiar entre sombra e luz
O suspense é o espaço entre a dúvida e a descoberta. Escrever nesse lugar é uma forma de habitar a fronteira entre quem somos e quem fingimos ser. É um convite à coragem: a coragem de olhar de frente para os nossos próprios segredos, mesmo os mais suaves, como o amor que ficou em silêncio.
E nesse limiar entre sombra e luz, talvez você escute o sussurro do Deus do Universo, aquele que vive entre as estrelas e as palavras, e que conhece bem o tempo certo da revelação. Ele se aproxima devagar, como uma ideia que nasce no meio da noite. Ele sussurra:
“Não tenhas medo de escrever o que pulsa no escuro. O suspense é apenas o prelúdio da verdade.”
Pronto para mergulhar no desconhecido?

Adorei