Cósmico leitor,
Nesta semana, a gente mergulha nos arquétipos, esses espelhos antigos que revelam traços universais da alma humana.
Sendo eles heróis, amantes, criadores e sábios. Cada um carrega uma forma de ver o mundo, e, no fundo, um pouco de todos vive em nós.
Para o texto de hoje, escolhi o arquétipo do Sábio.
Mas, em vez de mostrá-lo como o velho mestre iluminado que tudo sabe, quis brincar com a ideia de que até a sabedoria tropeça.
O sábio que esquecia as próprias lições
Dizem que Mestre Lúcio sabia de tudo.
Falava de amor como quem decifrava constelações e explicava a vida com metáforas que pareciam vir direto do universo.
Era tão sábio que o povo da vila o consultava até pra decidir o que jantar.
O problema é que ele também era… como dizer…
Desastrado.
Um dia, ensinava sobre paciência enquanto derrubava café quente na roupa.
No outro, explicava o poder do silêncio enquanto discutia com um pombo que roubou seu pão.
E certa vez, durante uma palestra sobre “equilíbrio interior”, caiu de uma cadeira meditando.
Mas ninguém ligava.
Todos achavam que aquilo fazia parte da filosofia.
“Ah, ele demonstra na prática como lidar com o caos”, diziam.
O que ninguém sabia era que Lúcio não demonstrava nada — ele simplesmente esquecia o que estava dizendo no meio da frase.
Um dia, cansado de ensinar o que não conseguia praticar, ele resolveu pedir um conselho ao espelho.
Olhou para si, suspirou e perguntou:
— Como posso ser sábio… se esqueço o que prego?
O espelho ficou em silêncio por um tempo — o suficiente pra Lúcio começar a achar que tinha enlouquecido — até que algo aconteceu.
O reflexo piscou.
E respondeu:
— Começando por lembrar onde deixou o pão, Mestre.
Lúcio olhou para a mesa. O pombo estava lá. Comendo o pão. De novo.

Imagem ilustrativa gerada com IA para fins visuais.
E você, cósmico leitor?
Tem seguido os próprios conselhos ou apenas decorado as frases?


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