
O Vampiro e a Caixinha de Som
Na cidadezinha de Pedra Clara, a lua brilhava sobre as casas alvas, enquanto o padre fazia uma oração para manter a paz e a confiança do povo. Era noite de festa, cheia de alegria, diversão e felicidades simples, até que alguém percebeu um vampiro chegando, meio esturricado, tropeçando na praça como se tivesse passado dias sem dormir.
As pessoas começaram a fitar a cena. O vampiro, porém, não atacou ninguém. Pelo contrário, ele abriu uma sacola e mostrou uma caixinha de som piscando luzes coloridas. Com um ar de entrega, disse:
— Senhores, minha maior virtude é o ritmo. Preparem-se para dançar!
Ligou a caixinha e tocou música eletrônica. O povo ficou entre a ilusão e a surpresa, mas logo uma abelha pousou no ombro dele, como se desse sua aprovação.
Naquele instante, a festa se transformou. A praça parecia uma estrela cadente em movimento, todo mundo pulando, gritando “desistir jamais!”. O vampiro, emocionado, declarou:
— Quero um recomeço! Nada de caixões. Meu destino é o palco.
Uma senhora entregou-lhe uma maçã como símbolo de amor e disse:
— Que sua superação inspire muitos sonhos!
O prefeito, animado, colocou no pescoço dele uma medalha feita de tampa de garrafa. Foi nesse momento que o vampiro, agora feliz, anunciou:
— A partir de hoje, sou DJ Libert Liberdade!
E começou a fazer a contagem regressiva para a próxima batida. O povo, tomado por gratidão e um pouco de saudades das festas antigas, riu até chorar.
Só um detalhe: ele não tinha noção do calibre da caixa de som. O volume foi tão alto que estourou todos os vidros da praça. Ainda assim, ninguém teve aversão, só acharam que foi um show épico, daqueles para nunca esquecer. No fim, o vampiro ganhou não apenas aplausos, mas também uma pilha de pedidos de música. O problema é que ninguém nunca mais conseguiu dormir em Pedra Clara, porque, toda noite, lá estava ele, com a caixinha de som no último volume, gritando:
— DJ Libert Liberdade, na batida!

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