Cósmico leitor,
Há histórias que só se revelam para quem insiste em procurá-las, não com pressa, mas com presença.
E há portas no universo que não se abrem com força, mas com constância.
A história de hoje é um lembrete de que às vezes o que você busca não está atrás de uma inspiração repentina, mas no hábito silencioso de continuar.
Onde começam os caminhos
Diziam que em algum lugar do universo, entre a estrela esquecida de Altira e o último grão de poeira de Varyel, existia um reino com infinitas portas.
Cada porta levava a um mundo diferente. Mas só se abria para quem tivesse a chave certa.
Isla, uma jovem aprendiz de palavras, sonhava em encontrar o Portal da Inspiração. Aquele que, segundo os contos antigos, levava ao lugar onde todas as histórias nasciam prontas e perfeitas, sempre trazendo uma intensidade como fogos no céu.
Munida de seu diário, ela atravessou cem portas. Em cada uma, enfrentava um desafio: silêncio absoluto, vozes que duvidavam, monstros da comparação, tempestades de cansaço… Mas nenhuma das portas era a certa.
Certa noite, à beira do sono, uma anciã apareceu em seus sonhos e disse:
“Você está procurando o portal errado. O da Inspiração não existe como você pensa. Mas há um outro: o Portal da Repetição. Poucos entram, pois ele só se abre para quem bate todos os dias.”
Na manhã seguinte, Isla voltou para a primeira porta. Sentou-se diante dela. E escreveu. Mesmo sem saber o que. No segundo dia, a mesma coisa. No terceiro, também.
Depois de 37 dias, algo aconteceu: a porta não só se abriu, mas também, ela a atravessou como se estivesse em casa.
Lá, encontrou palavras que pareciam ter sempre estado à sua espera. Não porque vieram fácil. Mas porque ela veio primeiro.
Constância é a mágica de quem não desiste
E você, cósmico leitor: qual é o seu portal mais difícil de abrir?
Entre versos e universos,
Julia Abreu

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