Livro: A Hora da Estrela
Autora: Clarice Lispector

Há livros que parecem olhar de volta pra gente, e A Hora da Estrela é exatamente isso.
Clarice Lispector escreve como quem segura um espelho diante da humanidade e pergunta algo como “você sabe quem é?”.
Macabéa, a protagonista, é uma jovem nordestina vivendo no Rio de Janeiro, cercada por uma vida sem grandes acontecimentos. Ela é invisível, para os outros e, de certa forma, para si mesma.
Rodrigo S.M., o narrador, tenta contar sua história, mas o faz com desconforto e culpa, consciente de que falar sobre a miséria alheia é também se expor.
O que mais me tocou?
Foi o vazio. O silêncio.
A forma como Clarice transforma a banalidade da vida em algo brutalmente poético.
Macabéa é uma personagem que quase não ocupa espaço, mas deixa um rastro, porque sua simplicidade é o que escancara a complexidade do humano.
O narrador, por outro lado, questiona o próprio ato de escrever, afinal, quem tem o direito de narrar a dor do outro?
Entre os dois, surge uma tensão entre existir e observar, e é nesse espaço que Clarice nos coloca, desconfortáveis, mas vivos.
Pontos Altos:
- Escrita lírica, reflexiva e cortante
- Narrativa metalinguística que questiona o próprio fazer literário
- Personagem principal que, na sua simplicidade, revela o essencial
- Força emocional e simbólica em cada frase
Pontos de Atenção:
- A leitura pode ser desafiadora para quem busca enredo linear
- A densidade filosófica exige pausa, silêncio e digestão
No fim, A Hora da Estrela é sobre existir, mesmo que ninguém perceba.
Sobre ser estrela sem brilho, mas ainda assim, ser.
Um livro pequeno no tamanho, mas imenso no impacto.
Nota final:
(5 de 5 estrelas)
Leitura essencial. Um clássico que atravessa tempo e espaço, e que nos lembra que até o silêncio é uma forma de grito.


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