Livro: O Lado Mais Sombrio
Autor: A.G. Howard

Tem livros que abrem portas. Outros, escavam túneis… Mas O Lado Mais Sombrio me puxou para dentro de um espelho hahaha Daqueles que não refletem o que somos, mas o que tentamos esconder. E, mesmo assim, não quis sair de lá.
Essa releitura sombria e gótica de Alice no País das Maravilhas me pegou de surpresa. Não por tentar imitar o original, e sim, por se propor a questionar o que acontece com as histórias depois que viram lenda.
A protagonista, Alyssa Gardner, é descendente da verdadeira Alice Liddell (aquela que inspirou o clássico), mas ao contrário da versão infantil, sua realidade é marcada por uma linhagem amaldiçoada, com mulheres que ouvem insetos e sussurros, carregando um desequilíbrio mental como herança silenciosa.
O que mais me tocou?
Foi a forma como a autora mergulha na loucura sem tratá-la como farsa ou fantasia. Foi o tom sombrio que, em vez de assustar, acolhe. Me tocou o universo mágico distorcido, corrompido, mas ainda assim fascinante… Como se o País das Maravilhas tivesse crescido e carregasse traumas não resolvidos.
Me tocou a coragem incrível da Alyssa e o dilema constante entre Morfeu (sedutor e manipulador) e Jeb (real, seguro, mas nem sempre presente). Me tocou o lado que escolhe o instinto ao invés da lógica, porque muitas vezes, é no escuro que a gente se encontra.
Pontos Altos:
- Ambientação gótica, super detalhada e criativa
- Releitura original e ousada de um clássico
- Protagonista com profundidade emocional
- Dualidade amorosa que gera conflito real (e não só romance por romance)
- Elementos visuais que parecem saídos de um sonho estranho (e muito lindo, sério!)
Pontos de Atenção:
- Alguns momentos podem parecer exagerados ou esteticamente carregados demais
- Quem espera algo próximo da leveza de Alice pode estranhar o tom sombrio e sensual
- Tem um ritmo mais lento no começo (mas depois engata de vez)
No fim, “O Lado Mais Sombrio” me deixou com a sensação de ter visitado um país encantado e perigoso, onde nada é o que parece e tudo tem camadas. É uma história sobre identidade, loucura, escolha e coragem. Um conto de fadas que tira o véu e mostra o que acontece quando a inocência acaba.
Nota final:
(4,5 de 5 estrelas)
Uma fantasia sombria e poética, perfeita para quem gosta de mergulhos profundos em mundos distorcidos e fascinantes.
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