Livro: Comer, Rezar, Amar
Autora: Elizabeth Gilbert
Páginas: 360

Alguns livros são jornadas externas.
Outros são jornadas internas.
Comer, Rezar, Amar é os dois (e talvez por isso tenha marcado tanta gente).
Elizabeth Gilbert escreve sobre o que acontece quando a vida quebra, e a única saída é reconstruir a si mesma.
Não de forma rápida ou de forma perfeita… mas no ritmo possível.
A narrativa é dividida entre Itália, Índia e Indonésia, mas o verdadeiro território que ela atravessa é o interior.
Em vez de tentar ser heroína, ela escolhe ser humana.
E isso já diz muito.
Itália → Comer
Aqui, a cura começa pelo corpo.
Pelos prazeres simples que a gente esquece quando está tentando sobreviver demais.
É sobre fome, não apenas de comida, mas de vida.
Índia → Rezar
Aqui, a turbulência cresce.
Meditar é difícil, silenciar é quase impossível, e encarar a si mesma exige uma força que ela nem sabia ter.
É a parte mais densa, e a mais verdadeira.
Indonésia → Amar
Aqui, ela descobre que amor não nasce para preencher o vazio.
Ele nasce quando o vazio deixa de ser buraco e vira espaço.
O que mais me tocou?
Não foi a viagem.
Foi a vulnerabilidade.
A honestidade da autora ao admitir que estava perdida, cheia de cansaço e confusão…
E mesmo assim decidiu viver uma vida que não fosse feita de obrigações, mas de sentido.
Gostei especialmente da forma como ela fala de autocuidado como um processo, não um destino.
E como ela desmonta a ideia romântica de que viajar cura tudo (porque não cura).
Mas abre espaço para que a gente se cure.
A leitura é leve e densa ao mesmo tempo, porque a dor que ela descreve é real, mas o tom é esperançoso.
E no fundo, é um livro sobre se permitir sentir.
Pontos Altos:
- Escrita sincera e acessível
- Reflexões profundas sobre identidade, espiritualidade e recomeço
- Momentos de humor que aliviam a intensidade emocional
- Boa mistura de memórias, filosofia e narrativa de viagem
Pontos de Atenção:
- Pode soar “egoísta” para alguns leitores, mas esse é justamente o ponto da jornada
- A parte espiritual pode cansar leitores que preferem narrativas mais objetivas
- Não é uma história de grandes acontecimentos, mas de grandes percepções
No fim…
Comer, Rezar, Amar é sobre recomeçar e não sentir vergonha da própria dor. Sobre encontrar uma vida que faça sentido, mesmo que isso exija quebrar tudo antes.
É um livro que abraça, que acolhe, que te inspira. Que nos lembra que, às vezes, o caminho para fora é começar voltando para dentro.
Nota final:
(4,5 de 5 estrelas)
Para quem busca leveza com profundidade, e coragem para reinventar a própria história.


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