Retrato clássico de uma sexta-feira nada clássica
Sexta-feira chegou e, sinceramente, sextou já deveria ser um decreto universal. Eu estava lá, deitada no sofá, enrolada em uma toalha (porque a preguiça pós-banho é sagrada), olhando a luz do fim de tarde entrar pela janela. O plano? Apenas um. Meu mais ansiado descanso… Mas claro que a vida adora rir da nossa cara.
De repente, ouvi um barulho na varanda. Corri para ver e me deparei com uma águia pousada na grade, olhando para mim como se fosse minha coach pessoal. Ela me encarava com uma espécie de fé inabalável, como quem diz: “Levanta daí, criatura, você não vai ficar só na pipoca e na maratona de série!”.
Confesso que a visão foi tão inusitada que comecei a filosofar. Afinal, entre o sol e a lua, entre cada flor que nasce e cada sombra que cai, a gente sempre vive nessa corda bamba entre rotina e magia. E, falando em magia, tenho certeza que aquela águia tinha sido enviada por alguma bruxa entediada que decidiu brincar com a minha sexta-feira.
Pensei comigo que talvez fosse hora de chamar a força que existe aqui dentro, aquela que a gente cultiva com resiliência, mesmo quando a realidade parece uma biblioteca de palavras recondita demais para compreender. Porque, sejamos honestos, às vezes a vida fica tão no limite, tão limítrofe, que quase nos tolhia de seguir em frente.
Olhei para o céu, e as estrelas já começavam a piscar. Naquele instante, me lembrei que a vida é feita de contradições. Um misto de alegria e solidão, de rotina e de sonhar em viajar sem mapa. É um ciclo eterno de queda e recomeço, sempre temperado com um pouco de gratidão.
De repente, senti um calor estranho, quase uma febre, mas era só aquela sensação fogosa de estar viva, mesmo que enrolada na toalha. Ri sozinha, e talvez, isso seja prosperidade… Saber rir da própria desordem, encontrar amor até no caos, transformando a própria vaidade em pequenas histórias.
E foi aí que percebi que eu estava fazendo um discurso épico para uma águia que, na verdade, só queria roubar minha pipoca. Conclusão da noite? Sextou de verdade é quando até os animais resolvem entrar na farra e você precisa disputar o balde de pipoca com eles.

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